
Um grupo de professores, encabeçado pelo Intelectual de Barreiro de Besteiros, reuniu na passada semana com o senhor professor Mário Nogueira, dono da FENPROF.
Esta reunião visou a contestação aos métodos de luta sindicais, por estes, no entender dos professores, não dignificarem a classe docente. Os professores entregaram ao sindicato uma lista de exigências:
-Submeter todas as tarjas e cartazes a aprovação, à luz do novo acordo ortográfico, por professores de português;
-Suprimir, nas manifestações, o uso do calão, da 2ª pessoa do singular, das palavras "ele" e "ela", do pretérito imperfeito e das calças de ganga;
-Substituir as figuras de Che Guevara por gravuras de Egas Moniz;
-Trocar a foice por um tubo-de-ensaio e o martelo por uma caneta;
-Pôr-se a falar alguém que saiba ler;
-O fim dos protestos em rima pobre, ou, pelo menos, a utilização de outras formas de verso que não a quadra, tal como redondilhas, sonetos ou heróicas;
-A substituição de apitos e chocalhos de vaca por peças barrocas, interpretadas à flauta pelos professores de música;
-A recusa da utilização de bandeiras da CGTP que tenham os mesmos paus onde pegam os metalúrgicos;
-Os chavões cantados não deverão utilizar melodias do cancioneiro popular. Grieg ou Schumann são aconselhados, mas, para agradar ao sindicato, aceita-se Lopes Graça;
-Pôr-se a ler alguém que saiba falar;
-Devolver os gigantones que ridicularizam as figuras de estado ao Carnaval do Loulé. Em seu lugar, colocar os professores de Educação física a fazer cabriolas;
-Distribuir uma palmatória a cada manifestante, para enfrentar a polícia de choque;
-Alterar o trajecto das manifestações. A Assembleia da República não é, de todo, o melhor sítio para se encontrar deputados.
Uma semana volvida, e sem que tenha havido qualquer resposta por parte da FENPROF, o grupo juntou, segundo as suas contas, 2.485 milhões de professores à porta do sindicato, com um bombo, a gritar:
"Ó Nogueira, ó Nogueira
Anda cá, anda cá
Vira o cu prá gente, vira o cu prá gente
Toma lá! Toma lá"
Instado a comentar, Mário Nogueira começou por refutar os números da manifestação: "seriam uns 16". Disse ainda a'O Bico que "Não há condições para negociar com este tipo de gente. Não contem com o sindicato para descer ao nível desta gentalha que não acredito, sequer, que represente os sentimentos da classe docente. Enquanto não se quiserem sentar educadamente à mesa da negociação ao invés de atentar contra a ordem pública, não atenderei aos seus relinchos. Para chatices, já me chega a Maria de Lurdes, que, ou deixa de ser a arrogante, presumida, em jeito de testa-de-ferro de um governo prepotente e com tiques autoritaristas, ou então terá de enfrentar, na rua, a nossa força até às calendas gregas."
O Intelectual de Barreiro de Besteiros disse "Esse senhor não tem nível nenhum. Eu, com a minha 3ª Classe tirada à noite em Tondela, sei mais que muitos Doutores-de-Mula-Ruça que andam para aí, como esse senhor, que é uma idiossincrasia paraláxica, se é que me está a perceber... Decerto não estarei a ser falacioso se o apelidar de um diletante! Defronte da sua (dele) incomensurável carência frenológica, cito Kant quando diz "Os juízos da ciência devem ser, ao mesmo tempo, a priori, quer dizer, universais e necessários, e sintéticos, objectivos, fundados na experiência", ou, como dizia o velho Herodes, arengando, com muita graça, em estrangeiro: Verba ligant homines, taurorum cornua funes".
À hora do fecho da nossa edição, os nossos informadores relatavam manobras da FENPROF, convocando, por SMS, vidreiros da Marinha Grande, que se encontram já a rumar a Barreiro de Besteiros para partir a louça toda.