sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Discussão inflamada já se encontra circunscrita



Bombeiros de Sernancelhe evitam catástrofe política

Uma violenta discussão deflagrou ontem à noite no Salão Brasil, um conhecido pólo de concentração intelectual da Cidade de Coimbra. Na origem das chamas terão estado alguns ânimos mais acesos que vieram a alastrar até ao Café Tropical via SMS, provocando uma altercação de proporções dantescas. A dada altura chegou mesmo a temer-se que os incendiários argumentos viessem a alastrar para áreas de esquerda altamente combustíveis como a Festa do Avante ou o Garcia Pereira, mas medidas preventivas levadas a cabo pela Judite de Sousa evitaram o pior. "Havia o perigo de a discussão alastrar! Então criámos um corta-fogos entre os cafés Trianon e Atenas com diversos betinhos de direita e o Pacheco Pereira, o que veio alterar o rumo político das chamas", contou a' O Bico um besugo geneticamente modificado.

O incêndio terá tido origem num inflamado debate entre Dnipro Letário, fundamentalista Maoísta, e Helmut Ópico, desconstrutivista Trotskysta de influências Estalinistas e com a lua em Peixes, acerca da autonomia parlamentar das Regiões com Regime Jurídico Especial de St. Kitts & Nevis, alastrando de imediato às mesas altamente inflamáveis que os rodeavam. No seguimento, as labaredas foram responsáveis pela criação de vários focos de Esquerda, alguns que chegaram mesmo a alcançar dimensões políticas.

"Não fosse a rápida intervenção do nosso corpo de bombeiros e as próximas eleições iam parecer as posteriores ao 25 de Abril!" comentou Damas Tintor, comandante da corporação de Sernancelhe, explicando como o fogo foi controlado. "Eu e uns camaradas andávamos ali pela Baixa a malhar mines. Às tantas, começo a ver fumo e digo cá pra mim: "Eh lá Arménio Manuel Damas Tintor! Queres ver que sucede práqui uma troca de ideias sobre a importância do volatilismo do controle do proletariado na luta de classes contra a economia de mercado?! Mmmaaaaau..." E nisto, pus-me à coca. Quando a coisa alastra, atacámos o bicho com uma espuma especial para este tipo de incêndios (que é a mesma que os gaiatos da JCP usam pra fazer a barba quando se sentem reaccionários) e com meios aéreos. Nomeadamente, atirámos um Villa-Llobos de Athaíde para o vórtex da discussão a gritar 'Deus, Pátria e Família'. Mas não resultou. Só conseguimos conter o fogo quando um dos meus homens se sentou à mesa com duas lésbicas do Bloco e começou a elogiar a visão elementar e concisa de Nietzsche acerca da condição humana elevada ao 'Super-Homem' Zaratustriano. Inflamaram-se os ânimos, o que em conjunto com uns Verdes que ainda não estavam secos, ajudou a criar um corta-fogos que conteve as chamas."

O fogo, entretanto, já se encontra circunscrito. Segundo o comandante Damas Tintor "Estamos já em fase de rescaldo. Há alguns reacendimentos como o MDP/CDE e o POUS mas acreditamos que estarão controlados até às autárquicas."

Mas a catástrofe não deixou de fazer vítimas. Várias pessoas ficaram desalojadas das suas convicções políticas e viram o trabalho de toda uma vida consumido. "Vi o trabalho de toda uma vida consumido! As minhas convicções politicas, a minha visão filosófica, a minha demagogia! Foi aqui que criei os meus miúdos na lógica proletária!", afirmava de lágrimas nos olhos um popular desolado. "Agora em quem é que eu vou votar?! Ai minha nossa senhora!..."

A PJ investiga já as origens da discussão, não estando posta de parte a hipótese de fogo-posto. "Há testemunhas que afirmam ter visto nas redondezas da mesa um doutor de barbas a declamar poesia e a afirmar, profunda e filosoficamente: "Académica, Académica, Académica" - disse o senhor supra mencionado.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PNR afinal não é um partido inenarrável

Antecipando as eleições que se avizinham, O Bico enceta uma série de um único artigo sobre os principais partidos nacionais.

O PNR, orgulhosamente só, é uma força política há muito estabelecida no eleitorado, pelo menos dizem eles. Um alto dirigente do partido, o engenheiro Valentim Becil, contou aos nossos microfones as linhas gerais do projecto de futuro do PNR para Portugal. Entre estas, sobressai a urgência de aumentar a capacidade das forças armadas "para a nossa tropa poder acabar aquilo que o D. Fernando começou e não pôde acabar porque o maricas só se reproduziu uma vez, e ainda por cima saiu-nos fêmea, que para cúmulo se foi pôr debaixo de um espanhol!".

Também a família é uma das prioridades do PNR, disse, do alto dos seus 2 metros 0,5 decímetros, Valentim Becil: "Queremos que a família vá à missa ao Domingo como sempre foi: as recatadas donas-de-casa para as filas da frente a guardar as suas filhas, fermento da nação, enquanto os respeitáveis chefes-de-família substituem o pároco na taberna, durante a eucaristia, e os seus rebentos varões andam à bofetada uns com os outros, para aprender o que é ser homem!"

Quanto à educação, Valentim Becil diz necessitar esta de uma "verdadeira revolução, [olhou nervososamente sobre o ombroe benzeu-se três vezes] digo, alteração de fundo". Não é apenas chapar com uma bandeira nacional em cada escola nem só voltar a cantar o hino nacional às quartas-feiras de manhã. Também há que regressar aos uniformes, que são tão bonitos, e separar claramente os estudantes: futuros chefes-de-família para um lado; cursos de corte e costura ou culinária para o outro".

Além disso, confidencia-nos ainda Valentim Becil: "temos que mandar os larilas, os comunas, os objectores de consciência e quase todos os jornalistas para a ilha da Madeira, onde o nosso amigo Alberto João possa tratar deles". O dirigente madeirense terá mesmo sido convidado para um lugar nas listas do PNR, no intuito de provar que nem todos os intelectuais são de esquerda.

O PNR espera atingir os seus objectivos nestas eleições, que passam por obter cerca de 10% dos votos - aproximadamente o número de analfabetos votantes do nosso país.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

PAÍS MUDA DE NACIONALIDADE

Mais uma vez, o Kalumbumbashi saltitou, qual pequeno parasita, para as páginas dos jornais de duvidosa qualidade e não só.

Efectivamente, o dono-em-chefe daquela peculiar região à direita de quem vai para baixo, passando por África e vindo do Árctico (ver mapa) decidiu unanimemente mudar a nacionalidade do seu país à beira-mar afundado.

O dono-em-chefe falou a'O Bico na primeira pessoa: «O Adão foi feito de barro».

Depois, resolveu falar na questão que interessa: «Isto assim não dava. O meu filho – que é muito esperto para a idade e até estuda numa escola na Europa – confunde-se sempre quando lhe perguntam a nacionalidade. Kalumbumbashiano? Kalumbumbashiense? Kalumbumbashista? Nativo do Kalumbumbashi? Autóctone do Kalumbumbashi? O rapaz já anda desmotivado, a ver os colegas a passar-lhe à frente... E ele que nunca consegue passar do preenchimento da Ficha de Matrícula, em Setembro, o que compromete os exames do final do ano. Ora, favas!» – disse o estadista; e foi comê-las.

Após os dois dias e meio de repasto, foi finalmente confirmada pelo Gabinete de Sua Excelência a mudança de nacionalidade do país.
"A nobre nação Kalumbumbash... o Kalumbumbashi, portantos, passa, por decreto dono-em-chefal, a adoptar a nacionalidade Matumbo" – afiançou o filho do dono-em-chefe, dono-em-chefe, por sua vez, daquele Gabinete.

Mais confirmou a existência de contactos «por fio» com as oito pessoas espertas do Tadjiquistão, Vanuatu, Abkázia, Kiribati, Uzbequistão e Turquemenistão. A ideia será fazer um intercâmbio de IPSS's que possibilite a aprendizagem da dicção das respectivas nacionalidades.

Na gaveta fica, para já, um velho projecto Kalumbumbash... Perdão, um velho projecto Matumbo, destinado a inventar uma bandeira e um hino para o país. O Bico sabe que a proposta do (quase) Doutor filho do dono-em-chefe, dono-em-chefe do Gabinete de Sua Excelência, é a mais bem posicionada junto do seu papá e compreende um pau ao alto e um Dó, dos fininhos.

Estas medidas, que afectam directamente a franja da população que sabe ler, não tiveram, por isso mesmo, repercussões públicas. Já os dois membros da oposição, irmãos afastados do filho do dono-em-chefe, dono-em-chefe do Gabinete de Sua Excelência, criticaram (até ao momento em que receberam duas pranchas de surf e dois bilhetes de automotora para o Darfur) a falta de ambição do dono-em-chefe do Kalumbumbashi, ao não apreciar o seu projecto para mudar o país de sítio no mapa-mundo «assim mais para perto do pólo sul, que não faz tanto calor. Mas não muito, que não somos tresloucados: não queremos cair no abismo!».

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Adenda: Um bom bocado após o fecho da edição, O Bico soube que o filho do dono-em-chefe, dono-em-chefe do Gabinete de Sua Excelência, acabou de preencher a papelada referente ao subsídio escolar a entregar na APPACDM da Trofa, onde estuda, bem como o pedido de licença de uso e porte de arma.
Agora que foi erigido tão importante marco da futura liderança e desenvolvimento do país, o Kalumbumbashi pondera devolver aos seus nacionais a antiga designação, bem como canivetes e outras coisas suprimidas durante a tentativa frustrada de golpe de estado da semana passada.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Assembleia da República combate a Gripe-A


Um porta-voz da Assembleia da República revelou a'O Bico a existência de um plano de contingência para evitar o absentismo que poderá vir a ser, também, causado pela gripe A. Assim, mesmo à entrada do hemiciclo, será instalada uma banca onde mães de deputados servirão chá de limão com mel e malgas de canja de galinha gorda, enquanto fazem festinhas na testa dos filhos e recitam trechos do Livro de S. Cipriano - o legítimo capa d'aço. Para os mais provincianos haverá distribuição de bagaços. Já às deputadas serão distribuídas braseiras e cobertores felpudos, com as respectivas cores partidárias.

Funcionários superiores de um qualquer ministério atestaram já a oportunidade da medida, por um motivo qualquer, tendo proposto a abertura de um concurso público para a criação de um gabinete externo para lavrar um texto de aclamação, bem como a consequente candidatura a um subsídio do fundo comunitário mais a jeito.

Paralelamente, os delegados de propaganda parlamentar retiraram já o México como um dos destinos a oferecer às comissões parlamentares para congressos e jantares de trabalho, mantendo no entanto os estabelecimentos nocturnos de Fortaleza, as casas de massagens na Tailândia e as lojas de café de Amesterdão.

A proposta, infamemente intitulada "evita-gazetas", foi alvo de muita discussão, havendo deputados que, como de costume, não faziam a mínima ideia do que estava a ser debatido. Outros aguardam que alguns infelizes contratempos - que se arrastam já há alguns anos - se resolvam, para lhes permitir apresentar-se ao serviço. O início dos trabalhos ficou marcado pelo vernáculo: enquanto um deputado do PP propunha medidas contra a "gripe dos porcos", a bancada do BE, recentemente chegada de Cancun retorquiu: "Borco és du. Lá burgue esdamos gonstibádos, dão é breciso inzultar."

Venceslau Zente, residente em Bensafrim e eleito por Ponta Delgada, veio de propósito ao almoço de encerramento do ano legislativo, embora tenha demorado a dar com o parlamento. "Nunca tinha cá vindo e tenho pena, que os pastéis de Belém valem bem a viagem!" exclamou o deputado à nação. Já Ataíde Magogo, eleito pelo círculo de Olivença e após respeitáveis anos cheios de umas três querelas parlamentares, mostrou-se insatisfeito: "Isto também não é um tacho assim tão bom! Tenho um primo que é deputado na câmara dos comuns e esse é que a leva direita!", disse, enquanto assinava o livro de presenças do parlamento pela segunda vez nesta legislatura.