segunda-feira, 18 de maio de 2009

Português em evidência no Dakar

Foi às costas de um dromedário que Alcides Piste, piloto de ralis, chegou hoje à capital do Senegal, concluindo o seu percurso no Dakar 2006. Tinha partido de Lisboa, no seu UMM amarelo, junto com os outros pilotos, "depois de uma febrada com a Jutta, que, aqui para nós, é uma ganda maluca!". Ao início tudo corria normalmente, tendo apenas demorado mais duas semanas que o resto do pelotão a chegar a Granada.

Em protesto contra a globalização, resolveu não usar GPS, guiando-se por uma cebola produzida em agricultura biológica, um popular de Alhos Vedros, o Borda d'Água de 1897 e um mapa "de uns tais Capelo e Ivens, que comprei ali na ladra". De início, resolveu seguir as tabuletas das estradas, o que se revelou ruinoso. Resignou-se a perguntar o caminho a transeuntes, o que lhe valeu um desvio por Mogadouro e uma passagem por Bilbao.

Já em África, relata Alcides Piste: "Apontei o jipe sempre a descer e dei-lhe gás! Quando chegava à noite, olhava para o céu à pregunta do Cruzeiro do Sul. De dia também era sempre a olhar pra riba, a ver se via as pirâmides. À conta do mau jeito no pescoço, ainda ando à rasca para apertar os atacadores. Passei no Kilimanjaro para comprar um queijo da serra, mas a seguir espetei-me contra um rochedo com a bandeira inglesa. Óspois, quando enfiei o jipe no mar, foi difícil. Estava para ligar ao ACP quando vi um beduíno montado num camelo deficiente. Tirei a caçadeira e mandei uma zaragolada no bicho. Montei-me no camelo e vim a picá-lo até cá acima. Ainda tive que fazer um bocado em marcha-atrás por causa de uma duna que vinha em contramão!"

Feliz por ver o lago rosa, Alcides Piste pondera já a próxima odisseia.

1 comentário:

  1. navegador de Carlos Sousa19/05/09, 17:36

    Bem me podia ter dado uma boleia, que ainda aqui estou no meio do deserto

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