terça-feira, 30 de março de 2010

Presidente da República compra um bicho

Incomodado com o caso das escutas, receoso de usar o computador, acossado por Manuel Alegre, assombrado pelos presidentes do PSD, enervado com o primeiro-ministro e com medo das pessoas em geral, Aníbal Cavaco Silva decidiu comprar um cão.

O presidente acedeu, assim, ao pedido de uma aterrorizada Senhora Silva, que vê no animal a garantia do sossego familiar.

Cavaco anda, para já, a escolher a raça do bicho. Segundo o próprio presidente: “Os cães quando não são de marca parecem meios palermas”. Tal como o assessor do chefe da Casa Civil do Palácio de Belém confidenciou ao jornal Público, Cavaco não quer ficar atrás do presidente Obama, que dispõe de um Cão de Água Português. O próprio Barack Obama, enquanto escolhia um dentuço, referia amiúde que: “Os cães quando não são de marca parecem meios palermas, tal como o assessor do chefe da Casa Civil do Palácio de Belém”

Os cientistas (todos) do Pólo de Contabilidade e Criogenação da Universidade de Mértola (fundada pelo próprio cavaco, em 1989) aconselharam o Cão Salsicha Dachshund, pois não há melhor para morder canelas e atacar por baixo do tapete. Além disso, não destoaria em Belém, visto tratar-se de uma criatura rasteira. Aníbal Cavaco Silva gostou da ideia, mas o mesmo não se terá passado com a Senhora Silva, que, não obstante uma certa similaridade no mastigar, não encontra afinidades entre o cão e o dono.

Ademais, segundo fontes fidedignas próximas da Presidência, a escolha não terá sido, de facto, pacífica. Ao que parece, terá havido algum frisson entre os assessores do alto dignitário que preferiam um Papagaio de Peito Roxo da Venezuela. A ave já teria mesmo sido encomendada por um diligente assessor e, segundo o importador para o nosso país: "o pássaro está num brinco! Só era usado por uma senhora velhinha, que era professora, para ir à missa! Repete tudo o que ouve e já diz com mestria «Sobre esse assunto entendo não dever fazer comentários», poupando muita saliva à primeira figura da nossa república", facto que teria agradado sobremaneira aos spin-doctors de Belém.

Instado a comentar, o papagaio em questão respondeu: "Sobre esse assunto entendo não dever fazer comentários."

quarta-feira, 24 de março de 2010

Anarquia Portuguesa Elege Novo Rei

A Anarquia Portuguesa elegeu esta semana, por tiro-pró-ar, o seu novo Sumo-Pontífice. Nas palavras de Bacherel Canhangulo, Relações Públicas da agremiação: "A eleição decorreu com os imponderáveis habituais. Todos os súbditos votaram no candidato único, sob protesto, obviamente, pois rejeitamos qualquer tipo de autoridade. Só durante a bênção Urbi et Orbi - durante a qual Sua Alteza Real gritou ao megafone contra o seu próprio absolutismo, instigando-se ao suicídio por velhice - é que houve uns camaradas de rastas a teimar em 'okupar' o púlpito, mas o nosso correligionário Chibanga Antropomorfo ajudou-os a descer com o gancho da estiva."

Recentemente, a Anarquia Portuguesa passou a integrar o Índice Nasdaq, pois, ao conseguir registar a patente do símbolo 'A'-dentro-de-uma-bolinha e provando que este era muito anterior à invenção do correio electrónico, passou a receber royalties por cada vez que se escreve um '@'.

Instado a comentar, Bacherel Canhangulo desvalorizou todas as implicações financeiras e ilhas do pacífico que advieram desta manobra, preferindo frisar que "a Anarquia Portuguesa é uma instituição digna. É a casa do verdadeiro Anarquista. Não é como certos cachopadas que para aí há, onde se faz tudo às três pancadas, chegando mesmo a utilizar explosivo plástico, que já não tem o cheirinho a pólvora tão característico das nossas intervenções sociais. É gente que nem categoria tem para deixar crescer um bigode à Aquilino Ribeiro!"

Mas nem tudo terá corrido com a normalidade que os dirigentes Anarcas pretendem mostrar ao mundo. Segundo fontes luminosas, os anarquistas presentes no sufrágio ficaram revoltados por saber que o tradicional fogo de artifício comemorativo tinha sido substituído por um torneio de futebol. Consequentemente, ter-se-ão recusado jogar à baliza, tendo imposto o lugar a Dinis Túpido, único operacional das brigadas libertárias com cadastro por (nas suas palavras) "ter liberto a bola das presas infectas do capitalismo da Sport Zone".

Bacherel Canhangulo lá admitiu que "tendo o camarada Dinis Túpido invectivado, várias vezes, que a propriedade do bem era sua e se não jogassem como ele queria ninguém desenvolveria a dita actividade, foi necessária a nomeação de uma entidade supervisora isenta, imparcial, escorreita e revolucionária para escalar, tanto as equipas como o Annapurna, sem ceder às pressões imperialistas desse lobby unipessoal do cautchú, nem admitir as regras desta actividade reaccionário-fascista que é o futebol."

O Bico chegou à fala com o Monarca-Anarca, que às nossas perguntas totalitárias e imperialistas nos mandou, enigmaticamente, ir “procurar alho!”. Pelo menos, foi o que nos pareceu, pois Sua Alteza respondeu enquanto chuchava um pastel de bacalhau.