
Ao que parece, terá dado o bilhete de identidade a um utente, sem lhe exigir o mesmo para prova da sua identidade. Bernardo Cumento, chefe de secção, clarificou a posição da conservatória do registo civil: “Foi um desleixo imperdoável. Este senhor já há muito tempo que vinha pisando o risco. Uma vez apôs um carimbo num documento, despachando-o mais que dois dias antes de acabar o prazo. Doutra, aceitou um formulário onde faltavam duas pintinhas em dois "is" e o rabilho de porco num "o". Chegou inclusive a aceitar um requerimento já depois das 16:32:14, quando sabia muito bem que o horário de atendimento ao público cessava às 17! Esta foi a gota de água!”
Um colega de Fagundes Graçado, que não se quis identificar, por morar no 2º direito do mesmo prédio e temer represálias, confidenciou-nos ainda: "Esse indivíduo nunca mereceu a confiança nele depositada. Chegava a preencher requerimentos a uma velhinha que não sabia ler e até sei de fonte segura que nem sempre tomava o café das dez e meia e, quando o fazia, voltava ao seu posto antes de almoço. E nunca reenviou os mails com aqueles anjinhos ou a fada do sexo!"
Do processo disciplinar de que foi alvo, resultam factos bastante suspeitos àcerca do seu comportamento sócio-profissional. O computador de Fagundes Graçado não tinha nenhum programa instalado para além do software governamental e de um editor de texto. Uma consulta ao histórico da internet acabou por confirmar as piores suspeitas, pois não apresentava registos de pornografia nem de jogos online. Para cúmulo, os colegas foram unânimes em afirmar não ter memória de que Fagundes tenha, alguma vez, utilizado a sanita.
Perante isto, o psicóloco clínico Dr. Agapito Linho escreveu: "A sua falta de interesse em observar material de conteúdo pornográfico revela uma orientação sexual, no mínimo, duvidosa. Este comportamento é típico de pessoas com psicoses extremas - como nós dizemos em termos clínicos - um tarado nojento! A sua falta de inclinação para a socialização através de jogos, messenger e troca de e-mails indicia uma falta de perícia na manipulação de computadores na óptica do utilizador, o que é uma premissa básica de qualquer concurso público. A sua comprovada vergonha em defecar em horário de expediente é reveladora do diferendo que o indivíduo mantém com a própria humanidade, retendo as fezes como retém dentro de si, certamente, um profundo ódio e desprezo por toda a existência humana, a começar pela sua. Mais que despedi-lo com justa-causa, recomendo que seja garroteado, se tal não for contra a lei."
O registo civil de Angra do Heroísmo pondera agora dinamizar acções pedagógicas junto dos seus funcionários, de modo a evitar novos problemas. Para o efeito terá já entrado em contacto com funcionários do governo civil local, que ainda não terão aceitado o convite por este estar “a aguardar deferimento”. Já o décimo-terceiro notariado da cidade se dispôs a colaborar num hipotético programa simplex, assim que acabe de calcular - por método moeda ao ar rectificado - o valor dos emolumentos a haver.