sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Herman volta ao formato de sketches.

A SIC, cansada de críticas ao humor revisteiro de Herman José, decidiu chamar o "verdadeiro artista" ao gabinete da gerência. Foi o próprio Nuno Santos que comunicou a Herman algumas imposições que a estação pretende ver acatadas, visando recuperar o humorista com quem assinou um contrato milionário até 2076, nunca capitalizado em audiências.

A reunião não terá começado na melhor maneira, pois quando Nuno Santos começou por dizer que pretendia mudar o formato do programa, Herman terá dito: "Mas e que formato é que queres? Piramidal, Dodecagonal ou, simplesmente, CAGONAL?" após o que terá explodido em risos, imitando flatulências com o sovaco, perante a cara de infelicidade da administração.

O que o canal de Carnaxide acabou por lhe conseguir comunicar, veio O Bico a saber, era que Herman José passasse a vestir roupa de homem, deixasse de pintar o cabelo com tinta fosforescente e retomasse os programas de sketches, mas sem copiar nada aos Monty Python. O genial Herman não tardou a encontrar uma solução original: Serão 13 episódios recorrendo, unicamente, a tartes de nata, tábuas ao ombro, galinhas de borracha e flores na lapela que esguichem água.

Os primeiros dias de gravação, porém, correram de forma desastrosa. Maria Vieira comeu todas as tartes de nata e Ana Bola confundiu Maria Rueff com a galinha de borracha, tendo tentado virá-la do avesso com dois dedos. Joaquim Monchique fazia uma cara muito estranha de cada vez que a flor do Herman lhe esguichava a cara e Vítor de Sousa não deixava mais ninguém levar a tábua ao ombro. "Se é para levar, levo eu!" disse, convicto. O caos foi total e o humor parecia o das piadas do António Sala. Herman despediu todo o elenco e tentou contratar Fernando Rocha, mas o homem das anedotas recusou por não se rever no humor primário e ordinário a que o Herman habituou os telespectadores.


O gabinete de produção da SIC não se deu por vencido, pois os filmes mudos têm um orçamento muito atraente e o público, assim que soube que não teria de ouvir o Herman a cantar, respondeu de maneira muito positiva. Afinal, como do que se tratava era de recuperar monos, a SIC reconstruiu o elenco, recrutando das suas prateleiras o bruxo Alexandrino, o imitador Fernando Pereira. o palhaço do Batatoon e o macaco Hadriano - que exigiu, de imediato, o protagonismo, retirando a flor-que-esguicha da lapela de Herman José.

Herman, infeliz e magoado, decidiu rescindir contrato com a SIC e regressar, como corista, ao Parque Mayer, à espera que outro Nicolau Breyner o descubra.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Nobel da literatura contestado



A Associação do Livre Escritor da Coreia do Norte, pela boca do seu "venerando líder" Kim Jong-Il, fez ouvir o seu protesto contra a Academia Sueca, por esta ter, mais uma vez, atribuído o prémio Nobel da literatura "a um Ling qualquer", negando-o ao "venerando intelectual" Kim Jong-Il - que é, segundo o próprio, o melhor desenhador de letras do seu país e, consequentemente, do mundo. A associação rejeitou também as acusações de plágio de que o seu membro tem sido alvo: "os meus livros são vermelhos, mas para o clarinho!", terá exclamado o "erudito líder".

O "adorado líder" é nacionalmente reconhecido como o mais prolífico pensador do mundo moderno, estando quase a atingir o nível do único vulto com quem merece comparação: o "grande líder" Kim Il Sung, seu pai. A lógica deste insigne sábio é imbatível, como o prova o facto de ser, provavelmente, a única pessoa que vive no seu país que nunca foi preso/torturado/espancado por se exprimir livremente em público.

Este veemente protesto terá já merecido todo o apoio por parte da Lisnave, que pondera montar um piquete à porta da Suécia, para gritar, ao megafone, as suas razões. Esta manifestação de solidariedade será encabeçada pelo esquivo Sindicalista da Lisnave, personagem mítica que é um entusiasmado "pen-friend" do grande vulto literário norte-coreano, desde os tempos em que este lhe ministrou três acções de formação na Arte Panfletária.

Paralelamente, o governo da Coreia do Norte, pela boca do "vetusto líder" Kim Jong-Il, acaba de declarar o fim da crise alimentar - que, aliás, nunca existiu - no seu país. Ao que parece, alguns testes efectuados pela superior tecnologia nuclear norte-coreana, liderada pelo seu melhor astrofísico, o "sapiente líder" Kim Jong-Il, tiveram como efeito o aparecimento de grãos de arroz de tamanho inusitado, com cada grão a rondar o peso de um norte-coreano e alguns, mesmo, o peso de um etíope. Um ou outro efeito secundário, "maliciosamente causados por Seul", afectando milhões de norte-coreanos, foi minimizado como "um esforço individual menor, tendo em vista um melhor futuro em comum."

Entrementes, o estado-maior de Pyongyang encontra-se efervescente, revelou a'O Bico o "marechalíssimo líder" Kim Jong-Il: "Como maior estratega militar de todos os tempos, informo que, para glória da nossa, digo, minha república popular, está para breve a anexação da Coreia do Sul, seguindo-se a China, a URSS e o Império do Sol Nascente. E os Estados Unidos! Não admito que ninguém confunda a minha bela capital com ténis-de-mesa, mesmo que se chame Jimmy Carter e seja presidente cessante!"

O "querido líder" Kim Jong-Il, que conta já com 67 risonhas (pelo menos para ele) Primaveras, é uma personagem controversa: patusco ditador de um país à beira do colapso, para uns. Querido líder, para ele e para um rapazinho. Também há um senhor do PCP que não tem bem a certeza se ele é um democrata. É assim a modos que um democrata não-praticante.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Advogado equivoca-se e processa-se a si próprio, tendo conseguido condenação exemplar!

O Dr. Purstenso havia sido nomeado advogado oficioso de um cidadão vítima de espancamento por uma horda de ciganos sem vacinas.

A história remonta a 1994, quando o sr. António¹ comprou uma camisola Lacoste por dois contos e trezentos, após regateio, numa feira. Para sua surpresa, assim que chegou a casa constatou que a dita camisola era contrafeita, pois a sua esposa te-lo-á alertado para o facto de o ornitorrinco não ser o emblema da conhecida marca.

Sentindo-se enganado, voltou à feira para confrontar o vendedor com o sucedido. Este, levou o caso a mal, tendo-se o resto da tardinha desenrolado de forma desagradável para o sr. António, bem como para os automobilistas que pararam para ver a pancadaria, todos eles prontamente autuados pela PSP.

Em 1996, quando recuperou a consciência, o sr. António¹ pretendeu processar civil e criminalmente os responsáveis pelo sucedido, tendo o Estado nomeado como seu defensor oficioso o Dr. Purstenso.

Tomando o caso a seu cargo, o advogado começou imediatamente, em 1998, a estudar o processo, fundamentando toda a defesa do sr. António¹ na tentativa de provar a falta de brio profissional da generalidade dos ciganos, bem como o total desprezo com que aquela raça encara valores humanos e a total ausência de dignidade social, bem patente na sua auto-exclusão do convívio com pessoas. Também aludiu a um linchamento.

O processo, laboriosamente elaborado após os vodka-martinis matinais, deu entrada no tribunal no advento do presente século, tendo transitado hoje em julgado.

Durante o julgamento, o Dr. Purstenso não foi parco em adjectivos como “falsos”, “matreiros”, “corruptos”, “vigaristas”, “ladrões” e “malcheirosos”. Contudo, uma imprecisão na elaboração do processo, onde trocou o preenchimento dos quadros “Lelo Maia – Cigano” com “Dr. Purstenso – Advogado”, resultou num bizarro desfecho.

Declarando-se “comovido com a inesperada sinceridade de um advogado”, o Meritíssimo Juiz, Dr. Bandalho, deu todos os factos como provados, excepto o linchamento, condenando o réu a 36 anos bissextos de trabalhos forçados nos Farilhões.

O Bico tentou obter uma reacção por parte do sr. António¹, mas este encontrava-se entretido no meio dos familiares do sr. Lelo Maia, (ao que consta dos autos) seu advogado.
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¹ - nome fictício de Aurélio Meireles Botelho, Rua da Liberdade-23, Rio Tinto

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Portugal - janela de desenvolvimento





O Ministério da Alquimia e da Inocuidade Placebemática continua como uma das mais activas pastas deste governo.

Invertendo a estagnação ideológica nacional, este ministério enveredou por uma nova iniciativa, visando beneficiar a imagem luso-portuguesa. Enquadrada num programa tecnologicamente chocante, resultou no envio da nata dos taxistas nacionais, de idades compreendidas entre os 40 e os muitos anos, para o Royal College of Something, no Reino Unido, para cultivar boas maneiras, estragão e couves-galegas.

A aprendizagem decorreu sem incidentes de maior e os resultados não se fizeram esperar: os taxistas londrinos já acertam nas sarjetas com duas escarretas em cada três, mesmo com o palito ao canto da boca! Também esta semana um incauto súbdito de sua majestade terá pago 270 libras por um frete de 2 km, mais 40 libras pela bagagem - que nem sequer era dele - ao mesmo tempo que aprendia a genealogia do Rui Costa, as façanhas do Chalana no Bordéus, a idade da última namorada do Ronaldo, as vantagens do clima português e as medidas "daquela boazona ali dentro do descapotável amarelo".

Os magriços tiveram ainda tempo para, à boa maneira britânica, apanhar um carroção monstro num pub do Soho e escavacar duas metades do sítio. "Estes bifes não nos querem vender a saídeira!" terá exclamado Miguel Abrêgo, um dos intervenientes, vagamente corroborado por Hull I. Gan, amigo de ocasião, afadigado a segurar o infeliz barman pela orelha que sobrava.